Pular para o conteúdo

Ostra feliz não faz pérola

Compartilhe

“A ostra, para fazer uma pérola, precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer. Sofrendo, a ostra diz para si mesma: ‘preciso envolver essa areia pontuda que me machuca com uma esfera lisa que lhe tire as pontas’. Ostras felizes não fazem pérolas. Pessoas felizes não sentem a necessidade de criar. O ato criador, seja na ciência ou na arte, surge sempre de uma dor. Não é preciso ser uma dor doída… Por vezes a dor aparece como aquela coceira que tem o nome de curiosidade. Para me livrar da dor, escrevi”. – Rubem Alves

Dor, dificuldade, curiosidade, inquietação. Os desafios da vida aparecem em nossa jornada como obstáculos a serem superados dia após dia, assim como grãos de areias pontudas que nos incomodam e, por vezes, nos machucam. Sabemos que não é nada fácil ter que encará-los e envolvê-los com uma esfera lisa. No entanto, fugir deles também não é a melhor solução.

Com o passar dos anos, aprendi a receber muito bem estímulos e provocações positivas que me tirassem da zona de conforto. É claro que sempre dá aquele frio na barriga, mas é exatamente esse sentimento que pode ser utilizado como indicador do quanto estou sendo desafiado. E ser movido por situações que te colocam em posição de vulnerabilidade não é tão simples, você deve saber, mas também aprendi como gerir isso de maneira saudável.

Acredito muito no poder da mente e no seu papel como catalisadora das nossas emoções e atitudes. O ser, o pensar e o agir são muitos mais integrados do que a gente imagina. E quando nos deparamos com um desafio, nos colocando à prova seja racional seja emocionalmente, podemos ativar nosso pensamento de maneira positiva para que nosso corpo reaja da melhor forma possível.

Carol Dweck, autora do livro ‘Mindset’ e speaker do TED, consegue explicar como podemos adotar uma mentalidade de crescimento.

Ao ativar a postura empreendedora de apontar a solução ao invés de focar no problema, você passa a se posicionar como protagonista da sua realidade (falei mais sobre isso em Aprender Vivendo. Viver Aprendendo). Isso vai se refletir no número de vezes (cada vez menor) que você vai reclamar sobre a vida, se sentir incapaz ou recusar uma proposta.

Ao invés do “é impossível”, um “eu posso fazer”. No lugar do “nunca”, um “ainda não”.

Quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?

No livro ‘Vai Lá e Faz’, Tiago Mattos traz o framework que explica bem como podemos e/ou devemos enxergar a nossa postura frente a um desafio.

Com base no psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi, criador do conceito de fluxo (um estado mental altamente focado), ele nos direciona para um caminho ideal onde o nosso aprendizado será alto porque será sempre guiado por um grande desafio somado a um alto nível de habilidade.

E não é por acaso que as chamadas soft skills tem ganhado mais força e espaço nas discussões sobre futuro da educação e do trabalho. Sentiremos cada vez mais a necessidade de desenvolver características como resiliência, inteligência emocional, criatividade e humildade. Não só para vencer os desafios do dia-a-dia, mas para nos tornamos seres humanos completos e vivermos em um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo.

Independente da dor, dificuldade, curiosidade ou inquietação pela qual você está passando, a sua autogestão (alma, mente e corpo) é que será o ponto de virada fundamental para que você possa contar uma boa história ao final desse capítulo.

Desejo que, assim como na analogia das ostras, você possa produzir belíssimas pérolas.

E lembre-se: nenhum desafio é pequeno. Afinal, se fosse fácil já estaria feito.

Deixe uma resposta