Tenho como filosofia que somos tanto mestres quanto aprendizes em nossa jornada. Nessas duas posições, um ponto comum: o objetivo de transformação e evolução pessoal. Por isso, em todas as oportunidades que tive e tenho sempre busco aprender a aprender, seja transmitindo algum conhecimento seja me conectando com pessoas, lugares, culturas. E a diversidade de experiências e aprendizados já vivida me trouxe uma maior compreensão de mim mesmo, dos outros e do mundo. Mas esse processo de conhecer e descobrir coisas novas exige, acima de tudo, disposição e reflexão.
Aprender, desaprender e reaprender. Um processo de aprendizagem rico deve ser ativo, no qual você (e somente você) é agente responsável pela sua absorção de conhecimento, seja por meio de um livro, um filme, uma aula ou um projeto em grupo. E sair da zona de conforto é muito necessário: quanto maior for a busca por experimentação, criatividade e improvisação, maior será o número de erros, de acertos e o domínio sobre esse desenvolvimento autodirigido.
“If you want to be a better person, you should never stop experiencing and learning new things”.
C. C. Chapman
Alex Bretas, fundador do Educação Fora da Caixa, traz no seu livro “Doutorado Informal” os cinco princípios para uma nova abordagem da construção do saber: curiosidade, autonomia, percurso, entrega e sabedoria. Em consonância, Peter Diamondis, autor do livro “Oportunidades Exponenciais“, acredita que os cinco princípios que guiarão o futuro da educação serão a paixão, a curiosidade, a imaginação, a criticidade e a determinação, características muitas vezes desvalorizadas em nossas instituições.
Nesse contexto, uma educação mais empreendedora torna-se ponto-chave para o futuro-já-presente. Na aprendizagem autodirecionada, há um foco maior no processo (desenvolvimento do pensamento crítico, crescimento como pessoa e cidadão) do que no conteúdo. O livro “Educação Empreendedora“, do SEBRAE, descreve como um processo dinâmico de conscientização, associação e aplicação que envolve transformar a experiência e o conhecimento em resultados funcionais. Compreende conhecimento, comportamento e aprendizagem afetivo-emocional, que também são destacados como essenciais por Peter Senge e Daniel Goleman no livro “O Triplo Foco” em contraponto a um modelo mais tradicional.
Não é por acaso que outras metodologias vem ganhando força dentro da educação, como flipped classroom, gamification, project/problem based learning, blended e adaptative learning. Padronizar um processo que é tão individual acaba nos colocando dentro das caixinhas que tanto tentamos fugir. E se ao invés de pensarmos fora da caixa nós passarmos a pensar sem caixa? Em nossa pirâmide do conhecimento, é importante ter consciência da diferença de cada nível e como de fato podemos potencializar nosso aprendizado.
Mas e aí, por onde começar? Eu poderia deixar você descobrir, mas aqui vão algumas dicas para clarear o nosso desafio de aprender a aprender:
1. Decida aprender: o ponto de partida é o querer saber. O conceito de life long learning surgiu exatamente para reforçar o quanto é importante encararmos nossa educação como processo natural da vida e não uma obrigação. Ao ‘virar a chave’ na sua mente, você passará a ter uma nova postura com relação ao seu aprendizado. Defina como prioridade e, em seguida, estabeleça seu objetivo, traçando para onde e como ir.
2. Descubra suas formas: o como nem sempre é fácil. Como falamos antes, esse processo é individual e muito particular. Identifique qual a sua melhor maneira de aprender (horário, duração, plataforma, ambiente) e crie o hábito de utilizá-la do melhor jeito. Mas também não esqueça de experimentar novas formas.
(saia do automático, pare para pensar).
3. Suspenda certezas: deixe suas expectativas e verdades de lado. Esteja com a alma, a mente e o coração dispostos a conhecer novos horizontes e diferentes pontos de vista. Isso permitirá que algumas crenças tornem-se menos absolutas e você seja mais tolerante, compreensível e sensato.
4. Ouse saber (por si): nessa era da informação, efemeridade e hiper-conexão, tendemos a buscar pelo caminho mais fácil e cômodo, o que nem sempre nos trará o melhor aprendizado. Procure se desafiar, crie oportunidades, use diversas fontes, converse com várias pessoas, filtre e questione o que ouve/lê por aí.
5. Seja mais humilde: você não sabe (e nunca saberá) tudo. Até mesmo no assunto que você se considera especialista. Qualquer nova ideia ou assunto deve ser sempre bem-vindo, até aquele considerado mais ‘fútil’ ou ‘inútil’, pois é comprovado que esses ajudam bastante no nosso processo criativo.
Sigo vivendo aprendendo e torço para que você seja protagonista do seu desenvolvimento, estando aberto para o que o universo pode te ensinar. Afinal, o único lugar que nós podemos ocupar no mundo é a cadeira de aprendiz.
Publicado por Victor Feitosa