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Guia de como avançar na carreira

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Revista Boa Forma

Como domar a timidez no trabalho

Em tempos de home office, algumas das características que em outros momentos não ajudavam muito a crescer, agora podem estar totalmente ao seu favor. É o caso da timidez. Ou, melhor, da introversão, já que as duas coisas são diferentes, embora estejam associadas e às vezes se confundam. “A pessoa introvertida é mais reservada e a energia dela se renova quando ela está em contato com ela mesma, em silêncio ou concentrada numa atividade. Mas ela sabe se posicionar e não tem medo da avaliação e do julgamento dos outros. A pessoa tímida sofre porque tem vontade de se posicionar mas não consegue”, explica a jobhunter Tais Targa, autora do livro “Você de Emprego Novo”, da editora Évora.

Mas se você realmente está decidido a não deixar a timidez te atrapalhar quando for necessário se expor, a boa notícia é que ela pode ser domada. Tais acredita que o primeiro passo é começar um processo de autoconhecimento, para encontrar o que está “bloqueando” a voz da pessoa. “Raramente é uma questão cognitiva, e sim emocional. Um processo de terapia é muito útil para isso.” O próximo passo é buscar ferramentas e instrumentos para escrever e falar melhor: cabem aí técnicas de oratória e de apresentação e outros recursos para lidar com pessoas e com o público”, explica. Assim, as situações de pressão vão deixando de ser um bicho-de-sete-cabeças.

“A timidez raramente é uma questão cognitiva, e sim emocional. Um processo de terapia é muito útil para isso.”

Aprender a lidar com a timidez, não significa, contudo, mudar a personalidade da pessoa. O que acontece é que os momentos de exposição e se socialização deixam de ser um sofrimento. E a tendência é a pessoa valorizar mais suas próprias qualidades típicas de introvertido — pode ter certeza que esta autoconfiança não passará despercebida da chefia. Além disso, como lembra Tais, a capacidade de escuta vale muito hoje em dia. “Muitos profissionais sabem falar mas não sabem escutar, e os introvertidos geralmente desenvolvem isso melhor. São pessoas que vão para a ação com maior embasamento, de forma mais analítica e menos impulsiva. A diversidade de personalidade fortalece qualquer time”, ressalta.

Como pedir aumento

Para a maioria dos funcionários, um aumento sempre seria bem vindo, certo? Mas, antes de mais nada, analise o cenário: o momento da empresa comporta um pedido de aumento? Escolher um momento de crise financeira pode ser um tiro no pé. Por outro lado, se os negócios estão bem e você vê oportunidades, planeje-se com cuidado e vá adiante.

Os especialistas recomendam focar em um incremento entre 10% e 30% do salário atual

Os especialistas recomendam focar em um incremento entre 10% e 30% do salário atual. Marque uma reunião para falar com seu superior direto. Se você acredita que tem mais afinidade com o chefe do seu chefe, agende o encontro com ambos ao mesmo tempo, tomando o cuidado de não atropelar a hierarquia, o que pode ser interpretado como falta de etiqueta empresarial. Informe logo de cara o tema da conversa, que será seu plano de Desenvolvimento e Metas pessoal, sem dar muitas voltas. “Se na empresa esse instrumento não existe, faça uma pesquisa na internet e busque adaptá-lo para sua realidade”, explica Ronaldo Bahia, CEO da JobConvo, empresa de seleção que atende empresas de grande porte como Deloitte, Petz e MVR.

A partir disso, mostre durante a reunião os ganhos que você trouxe para empresa e que vão além do mínimo esperado para seu cargo atual. “Destaque itens em que você se superou. O mais importante é abordar o pedido com argumentos lógicos”, diz Bahia. Seja objetivo e vá direto ao ponto com números, como aumento de faturamento, redução de custos, otimização de processos ou implementação de projetos, por exemplo. Se cursos e outros investimentos profissionais feitos por iniciativa própria tiveram reflexo direto na sua produtividade, é importante mencioná-los. Fatores pessoais, como despesas extra ou doença na família, não são válidos para pedir aumento — pelo contrário, usar estes argumentos passa uma imagem de falta de profissionalismo. Tempo de casa também não é mais visto como um motivo válido para reajuste salarial.

Usar fatores pessoais para pedir um salário maior (como aumento das suas despesas pessoais por conta de uma festa de casamento, por exemplo) são vistos como falta de profissionalismo

Se o pedido de aumento não for atendido, a melhor atitude é alinhar em conjunto com o gestor metas e objetivos claros, alcançáveis e com data limite. A maioria deles está aberto a dar oportunidades de crescimento e empenho. Peça feedbacks periódicos para entender melhor se os objetivos não estão mudando no meio do caminho. “Deixe também um próximo encontro já marcado para voltar no assunto”, recomenda Bahia.

Tais dá outra dica de ouro para antes e depois do pedido. “Marketing pessoal não é um momento pontual, como uma reunião. É preciso investir nisso todos os dias. Ter contato constante com a chefia e usar os espaços disponíveis na empresa para demonstrar isso. Agradecer pelas oportunidades de crescer é uma maneira sutil de ser visto e lembrado”, diz a jobhunter. Se o home office “matou” o espaço para fazer isso no cafezinho ou no almoço, faça isso por meios virtuais, como email ou mensagem.

Como sair do emprego da melhor forma

O fato é que, às vezes, pode não ter mais chances de crescimento no seu atual trabalho. “Nesse caso é hora de buscar uma oportunidade mais compatível com suas metas”, aconselha Tais. Para isso, as dicas são bem práticas:

  • Enquanto estiver procurando outro emprego, seja discreto. “No Linkedin, mantenha as atividades como ocultas para suas conexões, e não comente com a galera da empresa. A melhor maneira é pedir sigilo nas entrevistas, evitar participar das dinâmicas de grupo com candidatos da mesma área que você, e não ser tão direto em postagens nas redes sociais”, diz a consultora.  E, claro, não falar mal da empresa para colegas e recrutadores – mas essa nem precisava lembrar, né?
  • Após a confirmação que você será contratado na nova empresa, o passo seguinte é marcar uma reunião com seu superior direto. ”Antes de contar que vai se desligar, é importante frisar para o gestor os itens positivos que a organização trouxe para seu lado profissional. Mostrar sua evolução na empresa e ser sincero quanto ao motivo real da sua saída. Assim a empresa pode construir planos de ação para cenários futuros semelhantes”, explica Bahia. Agradecer é fundamental, assim como evitar conflitos de último minuto. “Nunca se sabe quando vamos reencontrar colegas e chefias em outras empresas no futuro”, diz o consultor de Recursos Humanos.

E se oferecerem uma contra-proposta?

É possível que isso aconteça. Aceitá-la ou não? Bahia explica que normalmente existem três itens importantes na carreira de uma pessoa que deve-se levar em conta em momentos de mudanças: se o cargo oferece os desafios para o crescimento profissional, se a remuneração está adequada e se a qualidade de vida é satisfatória neste emprego. “Quando a resposta for não para pelo menos dois destes 3 itens, você deve reavaliar sua carreira”, diz. Tais também não é uma grande fã de contrapropostas. “Se a empresa não te valorizou até agora, é estranho ela fazer isso só quando você coloca ela na parede. Você quer continuar numa empresa que só te valoriza quando você está saindo?”

Em casos mais extremos, alguns superiores podem reagir de forma passional e dramática. Nessa hora, se sua decisão está tomada, reaja com educação e firmeza. “Você não é obrigado a dar detalhes sobre seu próximo trabalho. Você pode falar até o ponto em que se sinta confortável, mas você não deve esse tipo de satisfação ao seu empregador. Para evitar mal estar, você pode levar uma indicação de pessoa para te substituir e oferecer sua disponibilidade para treiná-la. Mas se o drama continuar, faça cara de flor de plástico, agradeça todo mundo e vá embora. E agradeça a Deus por escapar dessa!”, diz Tais.

Referência

https://boaforma.abril.com.br/especiais/guia-de-como-avancar-na-carreira/

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