Barro Blanco foi escrito por José Mauro de Vasconcelos, narra a vida de Chicão, nascido no sertão, e passa a infância junto à natureza árida do interior. Numa época de seca implacável, parte para Macau (RN). Um herói oriundo do povo, que assume dimensão quase épica ao viajar do interior para o litoral com o objetivo de fugir da seca que devasta o agreste.
A princípio, flagelado da seca, Chicão é socorrido e apadrinhado por um fazendeiro, mas seguindo sua índole inquieta, foge dos estudos e deixa o sertão em busca de trabalho nas salinas. Em Macau, o trabalho pesado nas salinas brancas – daí o “Barro Blanco” do título –, corrói corpos e almas. Para fugir desse flagelo, nosso herói escolhe ganhar a vida no mar. Nem tanto por sua beleza ou lida, mas por horror à sede. A produção de sal, essa barro blanco, é um trabalho feito em péssimas condições da salubridade, corroendo os corpos e as vidas dos operários.
Chicão, para fugir do seu trágico destino, engaja-se como marinheiro no porto de Macau. Porém, vivendo então o vigor de sua juventude, ama a bela Joaninha Maresia e é respeitado por todos na zona portuária. O agora marinheiro resolve embrenhar-se no oceano e, entre um porto e outro, entrega-se aos desafios do gigante que nem sempre quer devolver os homens à terra. Um dia, porém, aceita o desafio de levar uma carga de sal a Maceió em época de grandes temporais.
Barro Blanco, um dos grandes romances regionalistas brasileiros, revela a trágica vida dos deserdados submetidos a trabalhos escravizantes, sem perspectiva de melhoria. Segundo romance de José Mauro de Vasconcelos, Barro Blanco reafirma o tom intimista e social presente nas obras regionalistas do escritor.
Como curiosidade, foi relatado que José Mauro de Vasconcelos escreveu Barro Blanco baseado em suas idas a Fazenda Boqueirão em Barcelona/RN, homenageando seu amigo ciccerone com o nome do personagem central, Chicão.
Quem escreveu Barro Blanco
José Mauro de Vasconcelos nasceu no Rio de Janeiro em 1920 e faleceu em São Paulo em 1984. Descendente de portugueses, o autor teve vários empregos durante a adolescência, viajando depois por todo o Brasil e por vários países europeus. Nasceu de uma família nordestina pobre e que foi para o Rio de Janeiro ainda novo mas que voltou para Natal para ser criado por parentes.
Ingressando da Faculdade Medicina da capital potiguar, abandona o curso no segundo ano, retornando ao Rio de Janeiro a fim de conseguir melhores oportunidades. Ali, trabalha como instrutor de boxe, e até modelo pictórico. Há uma estátua sua, como modelo do escultor Bruno Giorgi, no Monumento à Juventude, na antiga sede do Ministério da Educação.
Iniciou na literatura com o romance Banana Brava de 1942. No livro Meu Pé de Laranja Lima, seu maior sucesso editorial, serve-se de sua experiência pessoal para retratar o choque sofrido na infância com as bruscas mudanças da vida.
O seu primeiro grande êxito foi Rosinha, Minha Canoa (1962). Em 1968 publicou o seu livro mais conhecido, O Meu Pé de Laranja Lima, adaptado para televisão, cinema e teatro. Pelo conjunto da sua obra, é considerado um autor clássico da literatura juvenil do século XX. Em 1967, recebeu o Prémio Jabuti de Romance, o mais importante prémio literário brasileiro.