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Conceituação na ação

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A teoria da “conceituação na ação”, de Gérard Vergnaud oferece respostas de como um trabalhador consegue realizar tarefas, resolver problemas e encontrar soluções.

A ideia de que a gente precisa “conceituar” para poder agir – e, de forma reversa, precisamos agir para melhor conceituar – permite pensar fora do velho modelo educacional baseado no par “teoria e prática”, insuficiente para explicar a “inteligência” dos trabalhadores e o “rico conteúdo intelectual do trabalho”.

Com isso, é lançada uma luz sobre como é possível relacionar o subjetivo e o objetivo, o dentro e o fora, a realidade e a conceituação, entre o pensar e o agir. Esta teoria ganhou corpo na Didática Profissional, desenvolvida por pesquisadores como Pierre Pastré ou Patrick Mayen. Ela deu lugar ao que Pastré e Vergnaud chamam de uma “pedagogia das situações”.

Para quem aprende uma atividade profissional, a relação entre saberes consolidados e formalizados (as ditas “teorias”) e o conjunto de fazeres-saberes profissionais nem sempre visíveis, valorizados ou explicitados (que muitos chamariam – injustamente – de “prática”) a serem desenvolvidos para se tornar um profissional, é mais sutil e rica do que uma relação entre um modelo ideal (teoria) a ser imediatamente transferível e aplicável na “prática”. 

Em sua ação individual e (no mais das vezes) em interação com outros, o trabalhador (aprendiz ou experiente) desenvolve esquemas para dar conta de compreender e organizar a atividade em determinadas situações de trabalho.

Tais situações podem apresentar semelhanças em sua estrutura (com variações, é claro) ou grandes diferenças e por isso se fala aqui na existência, para cada atividade profissional, de diferentes “classes de situações”.

Assim, a noção de esquema “é a pedra fundamental da análise da atividade” do trabalhador e é importante para compreender a sua  aprendizagem. 

O esquema se forma “no decorrer de uma atividade e de uma experiência, no encontro com uma variedade de situações, cujas propriedades são diferentes” (Idem). O esquema não é exatamente um “conceito” no sentido de um conteúdo do pensamento ou conhecimento, e sim um modo de organizar a ação (mental e fisicamente) por parte do trabalhador.

Tais esquemas se constituem desde o desenvolvimento de atividades geralmente mais associadas a capacidades sensório-motoras – como quando aprendemos a subir uma escada – , mas também são fundamentais em atividades e situações mais complexas: um atendimento hospitalar, o desenvolvimento de um software, a modelagem de uma roupa, uma mediação professor-aluno, e a vasta gama de situações perante as quais precisamos agir. Elas integram um “modelo operativo” que o trabalhador vai construindo ao longo do tempo. 

O esquema se forma quando incorporou quatro elementos da ação: um ou vários objetivos; regras de ação, busca de informações e de controle; invariantes operatórios (conceitos-em-ato e teoremas-em-ato); possibilidades de inferência (idem).

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